UM PLANO PARA A VIDA
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O PENSADOR |
Muitas pessoas podem ter problemas em dar nome a este
objetivo. Elas sabem o que querem minuto a minuto ou até década a década
durante suas vidas, mas nunca deram uma pausa para considerar seus maiores
objetivos da vida. É provavelmente compreensível que nunca tenham feito isto.
Nossa cultura não encoraja as pessoas a pensarem a respeito de tais coisas; de
fato, ela os entrega um fluxo sem fim de distrações para que elas nunca
precisem disto. Mas um Grande Objetivo de vida é o primeiro componente de uma
Filosofia de Vida.
Isto significa que se você não tem um Grande Objetivo de
Vida, você não tem uma Filosofia de Vida coerente.
Por qual motivo é importante ter tal filosofia? Pelo fato de
que, sem uma existe o perigo de você desperdiçar a vida, apesar de toda sua atividade,
apesar de todas as diversões prazerosas você que tenha aproveitado enquanto
vivo, você acabe vivendo uma vida ruim.
Isto é, em outras palavras, o perigo de que quando você
estiver em seu leito de morte, olhe para trás e perceba que desperdiçou sua
única passagem pela vida. Ao invés de usar seu tempo para perseguir algo
genuinamente valioso você o desperdiçou por ter permitido ser distraído pelas
diversas fagulhas que a vida tem para oferecer.
Suponhamos que você possa identificar seu Grande Objetivo de
Vida. Suponhamos também, que, você possa explicar a razão pela qual este motivo
é valido de ser atingido. Mesmo assim existe o perigo de você desperdiçar sua
vida. Em particular, se lhe faltar uma estratégia própria
sobre como atingir este objetivo, é muito provável que você não o atinja. Por
isso, o segundo componente de uma Filosofia de Vida é uma estratégia para
atingir seu Grande Objetivo de Vida.
Esta estratégia irá especificar o que você deverá fazer,
enquanto também dá andamento em suas atividades diárias, para maximizar suas
chances de obter esta coisa na vida que você considera ser a mais valiosa de
todas. Se quisermos encontrar meios de não desperdiçar nossa
riqueza, podemos facilmente encontrar experts para no ajudar. Olhando na lista
telefônica, nós encontraremos muitos números de planejadores financeiros
certificados. Estes indivíduos podem nos ajudar a clarificar nossos objetivos
financeiros: Quanto, por exemplo, deveríamos economizar para a aposentadoria? E
tendo esclarecido estes objetivos, eles podem nos aconselhar como atingi-los.
Suponhamos, contudo, que queremos encontrar meios de não
desperdiçar, não nosso dinheiro, mas nossa vida. Nós devemos buscar um expert
para nos guiar: um filósofo da vida. Este indivíduo poderia nos ajudar a pensar
sobre nossos objetivos de vida e sobre quais destes objetivos são, de fato,
dignos de ser perseguidos. Ele poderia nos lembrar de que pelo fato de os
objetivos poderem entrar em conflito, nós precisamos decidir quais de nossos
objetivos devem ter prioridade quando uma encruzilhada se apresenta. Ele então
nos ajudaria a organizar nossos objetivos e coloca-los em uma hierarquia. O
objetivo no topo desta hierarquia será aquilo a que chamei de Grande Objetivo
de Vida: Ou seja, o objetivo que não estaríamos dispostos a sacrificar para
atingir outros objetivos. E após nos ajudar a seleciona-lo, o filósofo da vida
nos ajudará a traçar uma estratégia para alcança-lo.
O local mais óbvio onde podemos procurar por um filósofo da
vida é no departamento de filosofia da universidade local. Visitando os
escritórios da faculdade encontraremos filósofos se especializando em
metafísica, lógica, politica, ciência, religião e ética. Podemos também
encontrar filósofos se especializando na filosofia do esporte, filosofia do
feminismo, e até mesmo na filosofia da filosofia. Mas, a menos que estejamos em
uma universidade muito pouco usual, não encontraremos filósofos da vida da
maneira que tenho em mente.
Nem sempre foi assim. Muitos dos antigos filósofos Gregos e
Romanos, por exemplo, não apenas pensavam que as filosofias da vida eram dignas
de serem contempladas, mas também que a razão de ser da filosofia era
desenvolvê-las. Estes filósofos tipicamente tinham também um interesse em
outras áreas da filosofia – em lógica, por exemplo - mas só por pensarem que
perseguir este interesse os ajudaria a desenvolver a filosofia de vida.
Além disso, estes antigos filósofos não guardavam suas
descobertas apenas para si mesmos ou dividiam-nas apenas com seus companheiros
filósofos. Em vez disso, eles formavam
escolas e recebiam como aprendizes qualquer um que desejasse adquirir uma filosofia
de vida.
Diferentes escolas ofereciam diferentes conselhos sobre o
que uma pessoa deve fazer para ter uma boa vida. Antístenes, um aprendiz de
Sócrates, fundou a Escola Cínica de Filosofia, que advogava um estilo de vida
ascético. Aristipo, outro aprendiz de Sócrates fundou a Escola Cirenaica, que
advogava um estilo de vida hedonista. Em meio a estes extremos, encontramos
entre muitas outras escolas, a Escola Epicurista, a Escola Cética, e, de maior
interesse para nós, a Escola Estoica fundada por Zenão de Citio.
Os filósofos associados com estas escolas eram enfáticos a
respeito de seus interesses em filosofias de vida.
De acordo com Epicuro, por exemplo, “Vão é o mundo de um
filósofo que não ajuda a diminuir algum sofrimento ao homem. Assim como não
existe vantagem na medicina que não elimina as doenças do corpo, também é na
filosofia, caso não elimine o sofrimento da mente.” E de acordo com o filosofo
estoico Sêneca, sobre quem muito se falará neste livro “Aquele que estuda com
um filósofo deve absorver e levar com ele uma coisa boa todos dias: Deve
retornar diariamente para casa um homem mais sóbrio, ou no caminho de se tornar
assim.”
Este livro é escrito para aqueles procurando uma filosofia
de vida. Nas páginas que se seguem, concentro minha atenção na filosofia que
achei útil e que suspeito que muitos leitores também acharão. Ela é a filosofia
dos antigos Estoicos. A filosofia de vida estoica pode ser velha, mas merece a
atenção de qualquer individuo moderno que deseje ter uma vida que tenha significado
e plenitude – que deseje, isto é, ter uma boa vida.
Em outras palavras, este livro apresenta conselhos sobre
como as pessoas podem viver. Mais precisamente, agirei como um condutor dos
conselhos oferecidos pelos filósofos estoicos de dois mil anos atrás. Isto é
uma coisa que meus companheiros filósofos odiariam fazer,mas novamente, seus
interesses em filosofia são primariamente “acadêmicos”; suas pesquisas, deve-se
dizer, são primariamente teóricas ou históricas. Meu interesse em estoicismo,
como forma de comparar, é resolutamente prática: Meu objetivo é colocar esta
filosofia para trabalhar em minha vida e encorajar outros a coloca-la para
trabalhar nas deles.
Os antigos estoicos, acredito, poderiam ter encorajado os
dois tipos de esforços, mas também poderiam ter insistido que a razão primária
de se estudar estoicismo é par que possamos coloca-lo em prática.
Outra coisa a se levar em consideração é que apesar do
Estoicismo ser uma filosofia, ele tem um significante componente psicológico.
Os Estoicos entendem que uma vida atormentada por emoções negativas – incluindo
raiva, ansiedade, medo, tristeza e
inveja – não será uma boa vida.
Eles então se tornaram atentos observadores da maneira como
funciona a mente humana e como resultado se tornaram alguns dos mais
esclarecedores psicólogos do mundo antigo. Eles começaram a desenvolver
técnicas para prevenir a instauração de emoções negativas e maneiras de extingui-las quando as
tentativas de prevenção falhassem. Mesmos os leitores que mais desconfiados a respeito
de especulação filosófica podem ter algum interesse nestas técnicas. Quem entre
nós, enfim, não gostaria de reduzir o numero de emoções negativas que
experimentamos no dia a dia?
Apesar de ter estudado filosofia por toda minha vida adulta,
eu era, até recentemente,
lamentavelmente ignorante sobre Estoicismo. Meus professores no colégio
e na escola de graduação nunca me pediram que lesse os Estoicos, e apesar de
ser um leitor ávido, não vi necessidade de lê-los por minha conta. De maneira
geral, não vi motivos para ponderar sobre uma filosofia de vida. Pelo contrário
me senti confortável com o que era, para a maioria das pessoas uma filosofia de
vida padrão: passar os dias procurando uma mistura interessante de afluências, status social e prazer. Minha
filosofia de vida, em outras palavras, era o que pode caridosamente ser chamado
de uma forma esclarecida de Hedonismo.
Em minha quinta década de vida, eventos conspiraram para me
introduzir ao Estoicismo. O primeiro deles foi a publicação em 1998 do autor
Tom Wolfe do livro A Man in Full. Nele
um personagem acidentalmente descobre o Filósofo Estoico Epiteto e então começa
a utilizar sua filosofia. Eu achei isto simultaneamente intrigante e
complicado.
Dois anos depois comecei a fazer pesquisas para um livro
sobre o Desejo. Como parte de minha pesquisa examinei o conselho que é dado à
milênios sobre controlar os desejos. Comecei procurando saber quais religiões,
incluindo o Cristianismo, Hinduísmo, Taoísmo, Sufismo e Budismo (em particular o Budismo Zen), tinham para
dizer a respeito do Desejo. Fui examinar os conselhos sobre controle do Desejo
oferecido por filósofos, mas descobri que apenas uns poucos deles ofereceram
tais conselhos.
Proeminentes entre estes estavam os filósofos Helenísticos:
os Epicuristas, Céticos e Estoicos.
Na condução de minhas pesquisas sobre o Desejo, eu tinha
segundas intenções. Eu já estava à bastante tempo intrigado pelo Budismo Zen e
imaginei que observando isso mais de perto em conexão com minhas pesquisas eu
poderia me transformar em um convertido completo. Mas o que encontrei, para
minha surpresa, foi que o Estoicismo e o Budismo Zen tem certas coisas em
comum. Os dois, por exemplo, focam na importância da contemplação da transitoriedade
da natureza do mundo ao nosso redor e a importância do controle de nossos
desejos, pelo menos até onde é possível fazer isso. Eles também nos guiam a
procurar tranquilidade e nos dão auxílio sobre como obtê-la e
mantê-la. Além disso percebi que o Estoicismo se encaixava melhor a minha
natureza analítica que o Budismo Zen. Como resultado, me encontrei, para meu
espanto, brincando com a ideia de me transformar, ao invés de um praticante do
Budismo Zen, em um Estoico praticante.
Antes de iniciar minha pesquisa a respeito do Desejo,
Estoicismo tinha sido, para mim, uma fonte errada de Filosofia de Vida, mas ao
ler os Estoicos, descobri que quase tudo que pensava que sabia sobre eles
estava errado. Para começar, eu pensava que o dicionário definia um Estoico
como “Aquele que é aparentemente indiferente ou não afetado pela alegria, a tristeza,
o prazer ou a dor.” Assim sendo eu esperava que os Estoicos com E-maísculo
fossem Estoicos com e-minúsculo – que eles fossem indivíduos emocionalmente
reprimidos. Descobri, então, que o objetivo dos Estoicos não era banir a emoção
da vida, mas sim banir as emoções negativas.
Quando li os trabalhos dos Estoicos, encontrei
indivíduos alegres e otimistas a respeito
da vida (mesmo apesar deles focarem em certo ponto em passar algum tempo
pensando a respeito de todas as coisas ruins que poderiam lhes acontecer) e que
foram completamente capazes de aproveitar os prazeres da vida (enquanto ao
mesmo tempo eram cuidadosos em não ser escravizados por estes prazeres).
Encontrei também, para minha surpresa, individuos que valorizaram a felicidade;
e que, de acordo com Sêneca, o que os Estoicos buscavam descobrir “era como a
mente pode sempre procurar uma direção firme e favorável, sendo bem disposta a
respeito de si mesma, e encarando suas condições com alegria.” Ele também indicou
que alguém que pratica os princípios Estoicos “deve, queira ele ou não,
necessariamente se cercar de um constante sentimento de alegria e felicidade
que são profundos e interiores, desde que encontre deleite em seus próprios
recursos, e não deseje felicidades maiores que sua felicidade interior.”
Em linhas similares, o Filósofo Estoico Caio Musônio Rufo
nos diz que se vivermos de acordo com os princípios Estoicos, “uma alegre
disposição e uma alegria segura” automaticamente se seguirá.
Ao invés de ser indivíduos passivos que tristemente se
resignam de estar do lado prejudicado pelos abusos e injustiças do mundo, os
Estoicos eram totalmente engajados em suas vidas e trabalhavam duro para fazer
do mundo um lugar melhor. Consideremos, por exemplo, Catão, o Jovem, (mesmo que
não tenha contribuído para a literatura do Estoicismo, Catão foi um Estoico
praticante; sendo que, Sêneca se refere a ele como o Estoico Perfeito.) Seu
Estoicismo não evitou que Catão lutasse bravamente pela restauração da Republica
Romana.
De forma semelhante, Sêneca parece ter sido notavelmente enérgico: Além de ser um
Filósofo, era também dramaturgo,
conselheiro do imperador, e o equivalente do primeiro século a um banqueiro de
investimentos. E Marco Aurélio, além de ser Filósofo, foi um imperador de Roma –
na verdade, um dos maiores imperadores romanos. Enquanto lia sobre os Estoicos,
me encontrei preenchido por admiração a eles. Eles foram corajosos, temperados,
razoáveis e disciplinados – características que eu gostaria de possuir. Eles
também pensavam ser importante que nós cumpríssemos nossas obrigações e ajudássemos
nossos camaradas humanos – valores que eu compartilhava.
Em minha pesquisa sobre o Desejo, descobri um consenso unânime
entre pessoas pensadoras de que não obteríamos uma vida boa e com significado
se não superássemos nossa insaciabilidade. Existe consenso também de que um
maravilhoso método de domar nossa tendência a sempre querer mais é persuadir a
nós mesmos a querer as coisas que já possuímos. Isto pareceu ser um ponto
importante, mas deixava aberta a questão sobre como, exatamente, poderíamos alcançar
isso. Os Estoicos, fiquei feliz em descobrir, tinham uma resposta para esta
questão. Eles desenvolveram uma técnica bastante simples que, se praticada,
pode nos fazer gratos, mesmo por um curto período de tempo, por sermos a pessoa
que somos, vivendo a vida que vivemos, quase independentemente de qual esta
vida possa ser.
Quanto mais eu estudava os Estoicos, mais me encontrava
absorto em suas filosofias. Mas quando tentei dividir com os outros este meu
novo entusiasmo pelo Estoicismo, rapidamente descobri que não estava sozinho em
ter mal interpretado a filosofia.
Amigos, parentes e até meus colegas de universidade pareciam pensar que os
Estoicos eram indivíduos que tinham como objetivo suprimir todas as emoções e
que levaram vidas tristes e passivas. Percebi então que os Estoicos eram
vitimas de um equívoco, que até recentemente eu ajudava a promover.
Este entendimento sozinho foi o suficiente para me motivar a escrever um
livro sobre os Estoicos – um livro que poderia deixar as coisas claras – mas como
aconteceu, tive uma segunda motivação ainda mais forte que esta. Após aprender
sobre o Estoicismo, comecei, discretamente, de maneira experimental, dar uma
chance a ele como minha Filosofia de Vida. O experimento foi tão
suficientemente bem sucedido que me senti compelido a reportar minhas
descobertas ao mundo, acreditando que outros poderiam se beneficiar em estudar
os Estoicos e em adotar sua Filosofia de Vida.
Leitores irão naturalmente ficar curiosos sobre o que é
envolvido na pratica do Estoicismo. Na Grécia antiga e em Roma, um candidato a
Estoico pode ter aprendido a como praticar o Estoicismo frequentando uma escola
Estoica, mas isto não é mais possível.
Um candidato a Estoico moderno pode, como alternativa,
consultar os trabalhos dos antigos Estoicos, mas o que ele irá descobrir ao
tentar fazer isso e que muito destes trabalhos – em particular, aqueles dos
Estoicos Gregos – foram perdidos. Além disso, se ele ler os trabalhos que
sobreviveram, irá descobrir que apesar deles discutirem o Estoicismo
longamente, não oferecem um plano de ensino, como seria ideal para Estoicos
iniciantes. O Desafio que encarei ao escrever este livro foi o de construir este
plano de ensino através de dicas espalhadas ao longo dos escritos Estoicos.
Apesar do restante deste livro dar orientações detalhadas
aos candidatos a Estoicos, deixem-me descrever aqui, em caráter preliminar,
algumas das coisas que precisaremos fazer se adotarmos o Estoicismo como nossa
Filosofia de Vida.
Nós iremos reconsiderar nossos objetivos de vida. Em
particular, vamos mergulhar no conceito Estoico de que muitas das coisas que
desejamos – mais notavelmente, fama e fortuna – não valem apena serem
perseguidas. Vamos, ao invés disso concentrar nossas atenções a procura da Tranquilidade
e daquilo que os Estoicos chamavam de Virtude. Vamos descobrir que a Virtude
Estoica tem muito pouco em comum com o que as pessoas atualmente remetem a esta
palavra. Descobriremos também que a Tranquilidade que os Estoicos buscavam não
é o tipo de tranquilidade que pode ser comprada ou possa ser alcançada pela
injestão de tranquilizantes; ou seja, não é, em outras palavras, um estado de
em que nos tornamos Zumbis. É na verdade um estado marcado pela ausência de
emoções negativas, como raiva, tristeza, ansiedade ou medo, e sim a presença de
emoções positivas – em particular a alegria.
Nós estudaremos as varias técnicas psicológicas
desenvolvidas pelos Estoicos para atingir e manter a Tranquilidade, e iremos
aplicar estas técnicas em nosso dia a dia. Iremos, por exemplo, procurar
distinguir entre as coisas que podemos controlar e as coisas que não
podemos, para que então não mais nos
preocupemos a respeito das coisas que não controlamos e ao invés disso possamos
focar nossa atenção nas coisas que podemos controlar. Nós iremos também
reconhecer como é fácil para outras pessoas perturbarem nossa Tranquilidade, e
iremos também praticar estratégias Estoicas para prevenir que elas possam nos
atingir.
Finalmente, vamos nos tornar observadores mais atentos de
nossas vidas. Vamos nos observar enquanto seguimos nossos afazeres diários e
mais tarde refletiremos sobre o que vimos, tentando identificar as fontes de
angústias em nossas vidas e pensar em como evitar estas angústias.
Praticando o Estoicismo irá obviamente exigir esforço, mas
isso é comum em todas as Filosofias de Vida genuínas. Realmente, até mesmo o “Hedonismo
Esclarecido” exige esforço. O grande objetivo do Hedonista Esclarecido é
maximizar os prazeres que ele sente durante o curso de sua vida. Para praticar
esta Filosofia de Vida, ele passará tempo descobrindo, explorando e
hierarquizando fontes de prazeres e investigando quaisquer efeitos colaterais
indesejados que eles tenham. O Hedonista Esclarecidoirá então traçar
estratégias para maximizar a quantidade de prazer que ele experimenta.
(Hedonismo Negligente, em que uma pessoa procura cegamente por
prazeres fugazes, não é, penso eu, uma Filosofia de Vida coerente.)
O esforço requerido na prática do Estoicismo será
provavelmente maior que o requerido na prática do Hedonismo Esclarecido, mas
menos do que o requerido na pratica do, já dito, Budismo Zen. Um Budista Zen
terá que meditar, uma pratica que tanto consome tempo quanto (em algumas de
suas formas) física e mentalmente desafiante. A prática do Estoicismo, em
contraste, não nos requer que reservemos períodos de tempo em que “somos
Estoicos.” Ele requer que periodicamente nós possamos refletir sobre nossas
vidas, mas estes períodos de reflexão podem ser geralmente encurtados em
momentos perdidos da do dia, como quando estamos parados no trânsito ou – esta foi
uma recomendação de Sêneca – quando estamos deitados na cama esperando pelo
sono.
Quando levamos em consideração os custos envolvidos com a
prática do Estoicismo ou qualquer outra Filosofia de Vida, os leitores podem
perceber que também existem custos envolvidos em não ter uma Filosofia de Vida.
Eu já mencionei aqui um destes custos: o perigo de você desperdiçar seus dias
perseguindo coisas sem valor, desta forma desperdiçando também sua vida.
Alguns leitores podem, a este ponto, se a prática do
Estoicismo é compatível com suas crenças religiosas. No caso da maioria das
religiões, acredito que sim. Cristão em particular erão descobrir que as
doutrinas Estoicas ressoam com suas visões religiosas. Eles irão, por exemplo,
compartilhar do desejo Estoico de alcançar a Tranquilidade, apesar dos Cristãos
a chamarem de Paz. Eles irão apreciar o conselho de Marcos Aurélio sobre “Amar
o próximo.”
Quando encontrarem a observação de Epíteto de que algumas
coisas estão ao nosso alcance e outras não, e que se formos inteligentes,
focaremos nas coisas ao nosso alcance, Cristãos se lembrarão da “Oração da
Serenidade,” muitas vezes atribuída ao teólogo Reinhold Niebuhr.
Tendo isto dito, devo acrescentar que também é possível para
algumas pessoas serem simultaneamente Agnósticas e praticar o Estoicismo.
O restante deste livro é dividido em quatro partes. Na parte
1, irei descrever o nascimento da Filosofia. Apesar de filósofos modernos
tenderem a passar seus dias debatendo tópicos esotéricos, o objetivo primário
de muitos filósofos antigos era o de ajudar pessoas comuns a viver vidas
melhores. Estoicismo, como veremos, era uma das mais populares e bem
sucedidas das antigas escolas de
Filosofia.
Nas partes 2 e 3, irei explicar o que devemos fazer para
praticar o Estoicismo. Irei começar descrevendo as técnicas psicológicas que os
Estoicos desenvolveram para obter e subsequentemente manter a Tranquilidade.
Então descrevo o conselho Estoico sobre a melhor maneira de lidar com as
angústias da vida cotidiana: Como, por exemplo, devemos responder quando alguém
nos insultar? Mesmo que muito tenha mudados nos últimos dois milênios, a
psicologia humana mudou muito pouco. Este é o motivo pelo qual muitos de nós
vivendo no século vinte e um podem se beneficiar dos conselhos que filósofos
como Sêneca ofereceu aos romanos do primeiro século.
Finalmente, na parte 4 deste livro, defendo o Estoicismo
contra varias críticas, e reavalio a Psicologia Estoica sob a luz das
descobertas cientificas modernas. Termino o livro revelando os aprendizados que
tive com minha própria pratica do Estoicismo.
Meus camaradas acadêmicos podem ter algum interesse neste
livro; eles podem, por exemplo, estar curiosos sobre minhas interpretações de vários
enunciados Estoicos. O público que tenho interesse em alcançar, afinal, são indivíduos
comuns que podem estar preocupados em estar desperdiçando suas vidas. Isso inclui aqueles que chegaram a conclusão
de que lhes falta uma Filosofia de Vida coerente e como resultado estão se
perdendo em suas atividades diárias: O que eles trabalham para atingir um dia
apenas desfaz o que eles atingiram no dia anterior. Isso também inclui aqueles
que tem uma Filosofia de Vida mas tem medo dela não ser efetiva.
Escrevi este compilado com a seguinte questão em mente: Se os antigos
Estoicos tivesse escrito uma cartilha para pessoas do século vinte e um – um livro
que nos contaria como ter uma vida satisfatória – como este livro seria? As
páginas que se seguem são minha resposta a esta pergunta.
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Obs.: Conforme prometido este é o primeiro post sobre a Filosofia Estóica que pretendo abordar aqui no blog. Os Próximos capítulos traduzidos serão intercalados com as postagens normais.
Espero que gostem! Aguardo dúvidas, sugestões e colaborações nos comentários.
Espero que gostem! Aguardo dúvidas, sugestões e colaborações nos comentários.
De seu Lorde e Senhor
Tirano
Tirano
Sou fã do estoicismo, principalmente de Sêneca e Marco Aurelio.
ResponderExcluirE aê! Vá acompanhando então, estou traduzindo um livro!
ExcluirAbraço!
Opa, valeu Burguês, vou inserir este video no post!
ResponderExcluirObrigado!
Gostei do texto, muito interessante. Vou acompanhar a continuação. Obrigado por compartilhar conosco
ResponderExcluirTirano, muito obrigado! Difícil ver esse tipo de conteúdo nas redes sociais, aguardando aqui as próximas publicações
ResponderExcluir