CONHECENDO GAMES RETRO

sexta-feira, 10 de maio de 2019

ESTOICISMO: PARTE 2 - CAPÍTULO 4

TÉCNICAS PSICOLÓGICAS ESTÓICAS

Visualização Negativa
O Que é o Pior que Pode Acontecer?


Qualquer pessoa pensativa irá periodicamente contemplar as coisas ruins que podem lhe acontecer. A razão óbvia para se fazer isso é prevenir que essas coisas não aconteçam. Alguém pode, por exemplo, passar algum tempo imaginando maneiras pelas quais alguém poderia invadir sua casa para que ele possa se prevenir que façam isso. Ou ele pode passar algum tempo pensando as doenças que possam lhe afligir para que assim possa tomar medidas de prevenção.


Mas não importa o quanto tentamos nos prevenir de que aconteçam coisas ruins, algumas acontecerão de qualquer forma. Sêneca, assim sendo, nos aponta uma segunda razão pela qual contemplar as coisas ruins que podem nos acontecer. Se pensarmos a respeito destas coisas, vamos diminuir seus impactos sobre nós, quando, apesar de nossos esforços e prevenções, elas aconteçam: “Rouba dos infortúnios presentes seus poderes aquele que percebe que se aproximam antecipadamente.” O azar é mais pesado, ele diz, sobre aqueles que “não esperam nada além da sorte.” Epiteto ecoa este conselho: Nos devemos ter em mente que “Todas as coisas em todo lugar são perecíveis.” Se falharmos em reconhecer isto e ao invés andarmos por aí assumindo que sempre poderemos aproveitar as coisas a que damos valor, provavelmente nos encontraremos então alvos de consideráveis incômodos quados as coisas que damos valor nos forem tiradas.


Além destes motivos para contemplar coisas ruins que podem acontecer, existe um terceiro e muito mais importante motivo. Nós humanos somos infelizes em grande parte por sermos insaciáveis; após trabalhar duro para conseguirmos o que queremos, nós rotineiramente perdemos o interesse no objeto de desejo.


Ao invés de nos sentirmos satisfeitos, nos sentimos um pouco entediados, e em resposta a este tédio, nós partimos para novos, e até maiores desejos.


O psicanalista Shane Frederick e George Loewenstein estudaram este fenômeno e lhe deram um nome: Adaptação Hedônica. Para ilustrar o processo de adaptação, eles apontam estudos sobre ganhadores de loteria. Ganhar na loteria geralmente permite a uma pessoa viver a vida dos seus sonhos. Mas acontece, que, após um período inicial de euforia, ganhadores de loteria  terminam com a mesmo nível de felicidade que tinham antes. Eles começar a ver suas novas Ferraris e mansões como coisas garantidas, da mesma forma como eles viam seus antigos carros enferrujados e apartamentos apertados como garantidos.

Outra forma menos dramática de adaptação hedônica tem seu lugar quando fazemos compras. Inicialmente, nos deleitamos com a televisão Wide-Screen ou com a bolsa de couro legítimo que compramos. Após algum tempo, então, nós vamos desprezar estas coisas e nos achar procurando por uma televisão maior ainda ou uma bolsa ainda mais extravagante. Da mesma forma, nós experimentamos a adaptação hedônica em nossas carreiras. Nós podemos um dia ter sonhado em conseguir determinado emprego. Por consequência podermos ter trabalhado duro no colégio e talvez também em uma escola de graduação para conseguirmos a caminho apropriado da carreira, e neste caminho, podemos ter perdido anos fazendo lentos porém firmes em direção a nossa carreira de objetivo. Ao finalmente conseguirmos o trabalho de nossos sonhos, nós nos deleitamos, porém muito em breve nós nos tornaremos insatisfeitos.


Vamos reclamar a respeito de nossos salários, nossos colegas de trabalho, e o fracasso de nosso chefe em reconhecer nossos talentos.


Nós também experimentamos a adaptação hedônica em nossos relacionamentos.


Nós encontramos o homem ou a mulher de nossos sonhos, e após um cortejo tumultuoso conseguimos nos casar com esta pessoa. Nós começamos em um estado de “felizes para sempre”, mas muito em breve nos pegamos contemplando os defeitos de nossas esposas, e não muito após isso, fantasiando sobre iniciar um relacionamento com outra pessoa.


Como resultado do processo de adaptação, as pessoas se encontram em uma roda de satisfação. Elas são infelizes quando detectam um desejo não realizado em si mesmas. Elas se esforçam para atingir este desejo, na crença de que ao atingir este desejo elas irão obter satisfação. O problema, então, é que ao realizarem um desejo por algo, elas se adaptam a sua presença em suas vidas e como resultado param de desejar isto, - ou de qualquer outra forma, não acham isso tão desejável como já foi antes. Elas terminam tão insatisfeitas quanto eram antes de realizar seu desejo.


Uma chave para a felicidade, então, é prevenir o processo de adaptação: Nós precisamos seguir passos para prevenir que tenhamos como garantidas, quando as conseguirmos, as coisas pelas quais trabalhamos tão duro para atingir.  E por termos provavelmente falhado em seguir tais passos no passado, existem sem dúvida muitas coisas em nossas vidas com as quais nos adaptamos, coisas que já sonhamos ter mas que agora temos como garantidas, incluindo, talvez, nossa esposa, nossos filhos, nossa casa, nosso carro ou nosso emprego.


Isso significa que além de encontrar uma maneira de prevenir o processo de adaptação, nós precisamos encontrar uma maneira de revertê-lo. Em outras palavras, precisamos de uma técnica para criar em nós mesmos o desejo pelas coisas que já temos. Ao redor do mundo e ao longo dos milênios, aqueles que refletiram a respeito do desejo reconheceram que - a maneira mais fácil de alcançarmos a felicidade é aprender como querer aquilo que já temos. Este conselho é fácil de entender e sem dúvida é verdadeiro; o truque está em colocar isto em prática em nossas vidas. Como, afinal, podemos nos convencer a querer as coisas que já temos?
Os estóicos pensavam que tinham a resposta para esta pergunta.

Eles recomendaram que passássemos algum tempo imaginando que perdemos as coisas que valorizamos - que nossa esposa nos deixou, nosso carro foi roubado, ou que perdemos nosso emprego. Fazendo isso, pensavam os estóicos, nós valorizamos mais nossas esposas, nosso carro ou nosso emprego muito mais do que os valorizamos. Esta técnica - vamos nos referir a ela como Visualização Negativa - foi empregada pelos estóicos pelo menos desde Crísipo. Esta é, creio eu, a mais valiosa técnica no kit de ferramentas psicológico estóico.


Sêneca descreve a técnica da visualização negativa na carta de consolação que escreveu para Márcia, uma mulher que, três anos depois da morte de seu filho, estava tão deprimida quanto no dia que o enterrou. Nesta carta, além de dizer a Márcia como superar sua atual depressão, Sêneca ofereceu conselhos sobre como ela poderia evitar ser novamente vítima de tal depressão no futuro: O que ela precisava fazer era antecipar os eventos que poderiam lhe trazer tristeza. Em particular, ele disse, ela deveria lembrar que tudo que temos é “emprestado” do destino, que pode decidir retomar estas coisas sem permissão, - até mesmo, sem sequer aviso prévio. Portanto, “nós devemos amar todos aqueles que nos são queridos…, mas sempre com o pensamento de que não temos promessa de que os teremos para sempre - nem mesmo promessa de que o teremos por muito tempo.” Enquanto aproveitamos a companhia de nossos entes queridos, então, nós deveríamos periódicamente parar para refletir sobre a possibilidade de que esta possibilidade chegará ao fim. Se nada mais ocorrer, nossa própria morte o fará.


Epiteto também advogou a visualização negativa. Ele nos aconselha, por exemplo, quando beijamos nossos filhos, para lembrarmos que são mortais e não uma coisa que possuímos - que eles nos foram dados “para o presente, nem inseparáveis nem para sempre.” Seu conselho: no próprio ato de beijarmos a criança, devemos silenciosamente refletir sobre a possibilidade dela morrer amanhã. Em suas Meditações, a propósito, Marco Aurélio cita este conselho com aprovação.


Para entender como imaginar a morte de uma criança pode nos fazer apreciá-la melhor, considere dois pais. O primeiro segue o conselho de Epiteto de coração e periodicamente reflete sobre a mortalidade de seu filho.


O segundo se recusa a pensar em coisas tão sinistras. Ele então assume que seus filhos irão viver mais que sí próprio e que estarão sempre por perto para que possa apreciá-los. O primeiro pai irá certamente ser mais atencioso e amoroso que o segundo. Quando este vê sua filha pela manhã, ele será grato por ela ainda ser parte de sua vida, e durante o dia ele irá aproveitar todas as oportunidades de interagir com ela. O segundo pai, em contraste, não estará disposto a sentir uma imensa alegria ao encontrar sua filha pela manhã. Na verdade, ele pode nem sequer desviar o olhar do jornal para perceber sua presença. Durante o dia ele falhará em  tirar vantagem das oportunidades de interação com ela na crença de que estas interações podem ser procrastinadas para amanhã. E quando ele finalmente interagir com ela, a alegria que sentirá com sua companhia não será tão profunda, podemos supor, como a alegria que o primeiro pai sente com tais interações.

Além de contemplar a morte de parentes, os estóicos pensam que devemos também contemplar a perda de amigos, para a morte, talvez, ou por alguma separação. Portanto Epiteto nos aconselha que quando dissermos tchau para um amigo, devemos silenciosamente nos lembrar de que esta pode ser nossa última despedida. Se fizermos isso, seremos menos propensos a ter nossos amigos como garantidos, e como resultado, nós teremos muito mais prazer em nossas amizades do que temos de outra forma.


Entre as mortes que podemos contemplar, diz Epiteto, está a nossa própria. Em linhas similares, Sêneca aconselha Lucílio a viver cada dia como se fosse o último. Na verdade, Sêneca leva as coisas mais além disso: Nós devemos viver como se cada momento fosse nosso último.


O que quer dizer viver cada dia como se fosse o último?


Algumas pessoas assumem que isso significa viver de maneira selvagem e com foco em todos os tipos de excessos hedônicos. Afinal, se este é nosso ultimo dia, não pagaremos nenhum preço por uma vida tumultuada. Podemos usar drogas sem medo de nos tornarmos viciados. Podemos também gastar dinheiro de maneira imprudente se nos preocuparmos sobre como vamos pagar as contas que chegarão amanhã.


Isso, no entanto, não é o que os Estóicos tinham em mente quando nos aconselhavam a viver como se hoje fosse nosso último dia. Para eles, viver como se cada dia fosse o último era simplesmente uma extensão da técnica de visualização negativa: Ao longo de nosso dia, deveríamos periodicamente parar para refletir sobre o fato de que não viveremos para sempre e assim sendo este dia pode ser nosso último.


Tal reflexão, ao contrário de nos converter em hedonistas, nos fará apreciar o quão maravilhoso é estar vivo e ter a oportunidade de preencher este dia com atividades. Isso por sua vez fará com que seja menos provável que desperdicemos nossos dias. Em outras palavras quandos os estóicos nos aconselham a viver cada dia como se fosse o último, seus objetivos não é mudar nossas atividades mas mudar nossa mentalidade enquanto fazemos nossas atividades. Em particular, eles não querem que paremos de pensar ou planejar para o amanhã; ao invés disso eles querem que nós, enquanto planejamos nosso amanhã, nos lembremos de apreciar o hoje.


Por qual motivo, então, os Estóicos querem que contemplemos nossa própria morte? Por que fazer isso pode aumentar dramaticamente nossa alegria de estar vivos. E além de contemplar a perda de nossas vidas, dizem os estóicos, devemos contemplar a perda daquilo que possuímos.


Muitos de nós passamos nossos momentos de ócio pensando a respeito das coisas que queremos mas não temos. Nós faríamos muito melhor, diz Marco,se passássemos este tempo pensando a respeito de todas as coisas que temos e refletindo o quanto sentiríamos falta delas se elas não mais fossem nossas. Seguindo essa linha, deveríamos pensar sobre como nos sentiríamos se perdêssemos nossas posses materiais, incluindo nossa casa, carro, roupas, animais de estimação e conta no banco; como nos sentiríamos se perdêssemos nossas habilidades, incluindo nossa habilidade de falar, ouvir, andar, respirar e engolir; e como nos sentiríamos se perdêssemos nossa liberdade.

Muitos de nós estão “vivendo o Sonho” - vivendo, isto é, o sonho que um dia tivemos para nós. Nós podemos ter casado com a pessoa que um dia sonhamos, ter os filhos e  trabalho que um dia sonhamos em ter, e ter o carro que um dia sonhamos em comprar. Mas graças a adaptação hedônica, assim que nos encontramos vivendo a vida de nossos sonhos, começamos a ver esta vida como garantida. Ao invés de passarmos nossos dias aproveitando nossa boa sorte, nós os passamos formando e perseguindo novos e maiores sonhos para nós mesmos. Como resultado, nós nunca ficamos satisfeitos com nossas vidas. Visualização negativa pode nos ajudar a nos livrar deste destino.


Mas e quanto aos indivíduos que não estão “Vivendo o Sonho”? E quanto às pessoas desabrigadas, por exemplo? O importante a entender é que o Estoicismo não é de nenhuma forma uma filosofia apenas para os ricos. Aqueles que têm uma vida confortável e afluente podem se beneficiar da prática do estoicismo, mas também podem aqueles que estão empobrecidos. Em particular, mesmo que sua pobreza os impeça de fazer diversas coisas, ela não os impedirá de praticar a Visualização Negativa.


Considere uma pessoa que teve suas posses reduzidas a apenas uma tanga. Suas circunstâncias poderiam ser piores: Ele poderia perder a tanga. Ele faria bem, dizem os Estóicos, em refletir a respeito dessa possibilidade. Suponhamos, então, que ele perde sua tanga. Enquanto ele manter sua saúde, suas circunstâncias poderiam novamente ser piores - um ponto importante a se considerar. E se sua saúde se deteriorar? Ele pode ser grato por ainda estar vivo.
É difícil imaginar que não possa de alguma maneira estar pior. É assim sendo difícil imaginar uma pessoa que não possa se beneficiar da prática Visualização Negativa. A alegação não é a de que sua prática fará a vida daqueles que não tem nada ser tão boa quanto as vidas daqueles que tem muito. A alegação é meramente que a prática da Visualização Negativa - e mais genericamente, a adoção do Estoicismo - pode diminuir um pouco da dor de não se ter nada e portanto fazer com que aqueles que não têm nada menos miseráveis do que eles seriam de outra forma.


Seguindo este raciocínio, considere a situação difícil de James Stockdale. (Se o nome lhe lembra algo, é provavelmente por ele ter sido o apoiador de Ross Perot  em 1992 na campanha para presidência dos Estados Unidos.) Um piloto da marinha, Stockdale foi abatido sobre o Vietnam em 1965 e feito prisioneiro de guerra até 1973. Durante este tempo, ele passou por pouca saúde, condições de vida primitivas e a brutalidade de seus captores. E não apenas ele sobreviveu mas emergiu como um homem inquebrável. Como ele conseguiu? Em grande parte, ele diz, por praticar o estoicismo.


Uma outra coisa a compreender: Apesar de oferecer a pessoas sofridas conselhos sobre como tornar suas existências mais toleráveis, os Estóicos de forma alguma eram a favor de manter estas pessoas em seus estados de subjugação. Os Estóicos trabalhariam para melhorar suas circunstâncias externas, mas ao mesmo tempo, os Estóicos iriam sugerir coisas que estas pessoas pudessem fazer para aliviar suas misérias até que estas circunstâncias fossem melhoradas.


Alguém pode imaginar que os Estóicos, por ficarem contemplando cenários ruins, poderiam tender ao pessimismo. O que percebemos, no entanto, é que a prática regular da Visualização Negativa teve o efeito de transformar os Estóicos em completos otimistas. Permitam me explicar.


Nós normalmente caracterizamos um otimista como alguém que vê seu copo metade cheio ao invés de metade vazio. Para um Estóico, no entanto, este grau de otimismo seria apenas um ponto inicial. Após expressar sua apreciação pelo copo estar metade cheio ao invés de estar completamente vazio, ele seguirá em expressar seu deleite em sequer ter um copo: Ele poderia, afinal, ter quebrado ou ter sido roubado. E se ele estiver aplicando bem o estoicismo, ele seguirá comentando sobre o quão incríveis copos de vidro são: Eles são baratos e duráveis, não mudam o gosto daquilo que colocamos neles, e - milagre dos milagres! - nos permitem enxergar o que têm dentro deles. Isso pode soar um pouco bobo, mas para alguém que não tenha perdido sua capacidade de ser feliz, o mundo é um lugar maravilhoso. Para tal pessoa, copos são incríveis; para todo o resto da spessoas, um copo é só um copo, e está sempre meio vazio.


A Adaptação Hedônica tem o poder de extinguir nossa alegria em viver. por causa da adaptação, nós percebemos nossa vida e as coisas que temos como garantidas ao invés de as aproveitarmos.


A Visualização negativa, então, é um antídoto poderoso para a Adaptação Hedônica. Por conscientemente pensar sobre a perda daquilo que temos, podemos voltar a apreciar estas coisas, e com essa apreciação retomada podemos revitalizar nossa capacidade de nos alegrarmos.

Uma razão pela qual crianças são capazes de se alegrar é por causa que elas não consideram quase nada como garantido. Para elas, o mundo é maravilhosamente novo e surpreendente. Não apenas isso, mas elas ainda não tem certeza sobre como o mundo funciona: Talvez as coisas que elas têm hoje irão desaparecer misteriosamente amanhã. É difícil para elas ter alguma coisa como garantida quando elas não podem sequer contar com a continuidade de sua existência.


Mas logo que as crianças começam a crescer, elas começa a se cansar. No momento em que são adolescentes, eles ficam propensos a tomar tudo e todos a seu redor como garantidos. Eles podem reclamar a respeito da vida que levam, da casa em que moram, com os pais e irmão que possam possuir. E em um numero assustador de casos, essas crianças crescem e se tornam adultos incapazes de sentir satisfação no mundo a sua volta mas parecem ter orgulho desta inabilidade. Eles irão, num piscar de olhos, lhe dar uma longa lista de coisas sobre eles mesmos e suas vidas que eles não gostam e gostariam de mudar, se fosse possivel mudar, incluindo suas esposas, seus filhos, suas casas, seus empregos, seus carros, suas idades, suas contas no banco, seus pesos, a cor de seus cabelos, e o formato de seus umbigos. Pergunte a eles o que eles apreciam no mundo - pergunte-lhes se, de alguma forma, existe algo que lhes satisfaça - e les podem, apás algum tempo pensando, dizer uma ou duas coisas de maneira relutante.


Algumas vezes uma catástrofe atinge essas pessoas e as tira deste cansaço. Vamos supor, por exemplo, que um tornado destrua suas casas.


Tais eventos são trágicos, é claro, mas ao mesmo tempo eles potencialmente tem um lado positivo: Aqueles que sobrevivem a eles podem vir a apreciar mais aquilo que ainda tiverem. De maneira geral, guerra, doenças, e desastres naturais são trágicos, na medida em que essas coisas nos tiram aquilo que valorizamos, mas elas também tem o poder de transformar aqueles que as experimentam. Antes, estes indivíduos poderiam estar sendo sonâmbulos na vida, agora eles são cheios de alegria, agradecidos pela vida - se sentindo mais vivos do que já estiveram em décadas.


Antes, eles podem ter sido indiferentes ao mundo ao seu redor, agora eles estão alertas a beleza do mundo.


No entanto, transformações pessoais induzidas por catástrofes têm seus pesares. O primeiro é que você não pode contar com ser atingido por uma catástrofe. Na verdade, muitas pessoas tem um uma vida sem catástrofes - e como consequência sem felicidade. (Ironicamente, é o azar destas pessoas ter uma vida abençoadamente livre de catástrofes.) Um segundo pesar é que catástrofes que tem o poder de transformar alguém podem também tirar suas vidas.

Considere por exemplo, um passageiro em um avião em que os motores acabaram de pegar fogo. Essa virada de eventos é capaz de causar ao passageiro uma revalorização de sua vida, e como resultado ele pode finalmente obter uma nova visão sobre quais coisas em sua vida são realmente valiosas e quais coisas não o são. Infelizmente, momentos após esta epifania ele deve estar morto.


O terceiro pesar a respeito de transformações induzidas por catástrofes é que os estados de satisfação que elas acionam tendem a diminuir.


Aqueles que chegam perto da morte mas subsequentemente revivem tipicamente retomam seus entusiasmos pela vida. Eles podem, por exemplo, se sentir motivados a contemplar o por do sol que ignoravam anteriormente ou entrar em conversas românticas com suas esposas que antes viam como garantidas. Eles fazem isso por um tempo, mas então, na maioria dos casos, a apatia retorna: Eles irão ignorar o pôr do sol que está queimando do lado de fora de suas janelas para poder reclamar amargamente com suas esposas de não ter nada bom passando na televisão.


A Visualização Negativa não tem estes problemas. Nós não temos que esperar para começar a aplicar a Visualização Negativa da forma como precisamos esperar sermos atingidos por uma catástrofe. Ser atingido por uma catástrofe pode facilmente nos matar; aplicar Visualização negativa, não. E pelo fato da Visualização Negativa poder ser feita repetidamente, seus efeitos benéficos, ao contrário daqueles de uma catástrofe, podem durar indefinidamente, A Visualização Negativa é portanto uma maravilhosa maneira de retomar nossa apreciação pela vida e com isso nossa capacidade de satisfação.


Os Estóicos não estão sozinhos em ressaltar o poder da Visualização Negativa. Considere, por exemplo, aqueles indivíduos que dão graças antes de uma refeição. Algumas pessoas presumivelmente fazem isso por estarem simplesmente com o hábito de fazer. Outros podem fazer isso por causa do medo de que Deus irá puni-los se não fizerem. Mas entendido da maneira correta, dar graças - e assim sendo, oferecer qualquer oração de agradecimento - é uma forma de Visualização negativa. Antes de fazer uma refeição, aqueles que dão graças param por uma momento para refletir a respeito do fato de que essa comida poderia não estar disponível para eles, e neste caso eles poderiam passar fome. E mesmo que a comida estivesse disponível, eles poderiam não ter a chance de dividi-la com as pessoas em sua mesa. Dita com estes pensamentos em mente, a oração tem o poder de transformar uma refeição ordinária em um motivo de celebração.


Algumas pessoas não precisam que os Estóicos ou algum padre lhes digam que a chave para uma disposição alegre é focar periodicamente em pensamentos negativos: Elas aprendem isso por si sós. Ao longo da vida, encontrei diversas pessoas assim. Elas analisam suas circunstâncias não em termos do que lhes falta, mas em termos do quanto eles têm e o quanto sentiriam falta caso perdessem. Muitas delas tiveram falta de sorte, objetivamente falando, em suas vidas;  mesmo assim, elas o diriam quanta sorte tem - por estar vivas, poder andar, por viver onde vivem, e muito mais. É instrutivo comparar estas pessoas com aquelas que, objetivamente falando,“ tem tudo,” mas que, por não apreciarem aquilo que possuem, são profundamente miseráveis.

Anteriormente mencionei que existem pessoas que parecem orgulhosas de sua inabilidade de sentir satisfação com o mundo a sua volta. Elas de alguma forma tem a ideia de que ao se recusarem a obter satisfação com o mundo, estão demonstrando sua maturidade emocional: Se satisfazer com as coisas, pensam eles, é infantilidade. Ou talvez elas tenham decidido que é elegante se recusar a se satisfazer com o mundo, das mesma forma que é elegante se vestir de branco na virada do ano, e elas se sentem compelidas a obedecer o que dita a moda. Se recusar a sentir satisfação no mundo, em outras palavras, é evidência de sofisticação.


Se você perguntar a estes descontentes suas opiniões a respeito das pessoas satisfeitas já descritas - ou até pior, a respeito  daqueles otimistas estóicos que chegam ao ponto de pensar a respeito do quão maravilhosa é uma coisa como o vidro - elas provavelmente irão responder com indicações depreciativas.


“Tais pessoas são claramente tolas. Eles não deveriam estar satisfeitos com tão pouco. Deveriam querer mais não não se sentirem satisfeitos até conseguir.” Poso argumenta, no entanto, que o que é realmente tolice é passar a vida em um estado de não satisfação autoinduzida quando a satisfação está a seu alcance, apenas mudando sua mentalidade. Ser capaz de se satisfazer com pouco não é falhar, e sim uma benção - se, de alguma maneira, o que você busca é satisfação. E se você busca alguma coisa além de satisfação, eu poderia perguntar (com espanto) o que seria isso que você acha mais desejável que a satisfação. O que seria, eu perguntaria, essa coisa que valeria a pena sacrificar a satisfação para se alcançar?


Se tivermos uma imaginação ativa, nos será fácil aplicar a Visualização Negativa, será facil imaginarmos, por exemplo, que nossa casa pegou fogo, ou nosso chefe nos demitiu, ou que ficamos cegos. Se tivermos problemas em imaginar estas coisas, no entanto, nós podemos praticar a Visualização Negativa prestando atenção nas coisas ruins que acontecem aos outros e refletindo sobre o fato de que essas coisas poderiam ter acontecido conosco. Alternativamente podemos fazer alguma pesquisa histórica para ver como nossos ancestrais viviam. Nós descobriremos rapidamente que nós vivemos naquilo que para eles seria um mundo de sonho - que costumamos ter por garantidas coisas que nossos ancestrais tinham que viver sem, incluindo antibióticos, ar condicionado, papel higiênico(!), telefones, televisão, Windows, óculos e frutas frescas no inverno. Após chegar a esta conclusão, nós podemos sentir um alívio em não sermos nossos ancestrais, da mesma forma que um dia nossos descendentes irão provavelmente sentir um alívio em não serem a gente.


A técnica de Visualização Negativa, aliás, também pode ser usada ao contrário: Ao invés de imaginar que as coisas ruins que acontecem aos outros nos aconteçam, nós podemos imaginar que as coisas ruins que aconteçam conosco aconteçam com os outros. Em seu livro Epiteto advoga um tipo de “Visualização Projetiva.” Suponhamos, diz ele, que seu servo quebre uma taça. Nós somos propensos a ficarmos bravos e termos nossa tranquilidade interrompida por este acidente. Uma forma de neutralizar esta raiva é pensar a respeito de como nos sentiriamos se este acidente tivesse acontecido a uma outra pessoa. Se estivessemos na casa de outra pessoa e seu servo quebrasse uma taça, nós não ficariamos propensos a sentir raiva; na verdade, nós poderiamos tentar acalmar nosso anfitrião dizendo “É só uma taça; estas coisas acontecem.” Aplicar a Visualização projetiva, acredita Epiteto, nos fará apreciar a relativa insignificância das coisas ruins que nos acontecem e assim nos preveniria que elas perturbassem nossa tranquilidade.


Neste ponto, um não estóico  poderia levantar a seguinte objeção. Os estóicos, como vimos, nos aconselham a procurar a tranquilidade, mas como parte de suas estratégias para tal eles nos aconselham a praticar a Visualização Negativa. Mas isso não é um conselho contraditório?


Suponhamos, por exemplo que um estóico é convidado para um piquenique. Enquanto os outros convidados estão se divertindo, o estoico irá se sentar, quietamente contemplando as formas como o piquenique poderia ser arruinado: “Talvez a salada de batatas esteja estragada, e as pessoas tenham intoxicação alimentar. Talvez alguém torça o tornozelo jogando bola. Talvez aconteça uma tempestade violenta que destruirá o piquenique. Talvez eu seja atingido por um raio e morra.” Isso não parece divertido. Mas sendo direto ao ponto, não parece possível que um estóico atinja a tranquilidade como resultado de refletir em tais questões. Ao contrário, ele provavelmente vai acabar aflito e cheio de ansiedade.



Em resposta a esta objeção, deixe-me apontar que é um erro pensar que um estóico irá passar todo seu tempo contemplando potenciais catástrofes. Isso é uma coisa que ele fará apenas periodicamente: Algumas vezes por dia ou algumas vezes por semana um estóico dará uma pausa em sua alegria de viver para pensar a respeito de que como tudo isso que eles tem pode ser lhe ser tirado.


Além disso, existe uma diferença entre contemplar uma coisa ruim e se preocupar com isso. Contemplação é um exercício intelectual, e é possível que façamos tais exercícios sem que isso afete nossas emoções. É possível, por exemplo, que um meteorologista  passe seus dias contemplando tornados sem necessariamente viver com medo de ser morto por um. De maneira similar, é possível para um estóico contemplar coisas ruins que podem acontecer sem se tornar ansioso como resultado. Finalmente, a Visualização Negativa, ao contrário de deixar as pessoas aflitas, irá aumentar o alcance do quanto elas podem ficar felizes pelo mundo a sua volta, de modo que isso as prevenirá de tomar este mundo como garantido. Apesar de - ou por causa de - seus (ocasionais) pensamentos ruins, o estóico estará mais propenso a aproveitar o piquenique muito mais que os outros convidados que se recusam a ter pensamentos tão aflitivos; ele se sentirá feliz em fazer parte de um evento que, ele percebe, nem poderia estar acontecendo.


O crítico do estoicismo poderá agora levantar outra questão: Se você não aprecia uma coisa, você não se importará em perdê-la. Mas graças a prática constante de Visualização negativa os estóicos são grandes apreciadores das pessoas e coisas ao seu redor. Não estariam eles se colocando em risco de decepções ou perdas? Eles não se encontrarão em grande dor quando a vida lhes tomar estas coisas e pessoas, como certamente irá?


Considere, como exemplo, os dois pais mencionados anteriormente. O primeiro pai contempla periodicamente a perda de sua criança e então não a toma como garantida; ao contrário, ele a aprecia muito. O segundo pai assume que sua criança sempre estará lá para ele e a toma por garantida. Pode ser sugerido que pelo fato do segundo pai não apreciar sua criança, ele irá responder por sua morte dando de ombros, enquanto o primeiro pai, por apreciar profundamente sua criança, se colocou em risco de dor se ela morrer.


Estóicos, penso eu, poderiam responder a esta crítica apontando que o segundo pai quase certamente irá sentir a perda de sua criança: Ele ficará cheio de arrependimento por tê-la tido como garantida.


Em particular, ele estará suscetível a ser atingido por pensamentos como “se eu tivesse…”: “Se eu tivesse passado mais tempo brincando com ela! Se eu tivesse lhe contado mais histórias para dormir! Se eu tivesse ido a sua apresentação de violino ao invés de ter ido jogar golf!” O primeiro pai, no entanto, não terá arrependimentos similares; ele terá apreciado sua filha e assim terá tomado completa vantagem das oportunidades que teve de interagir com ela.

Não se engane: O primeiro pai irá se entristecer pela perda de sua criança. Como vamos ver, os estóicos pensam que periódicos episódios de tristeza são parte da condição humana. Mas ao menos este pai poderá ter consolo no conhecimento de que ele passou bem o pouco tempo que teve com sua criança. O segundo pai não terá tal consolo e como resultado pode perceber que seus sentimentos de tristeza são compelidos por sentimentos de culpa. Então é o segundo pai, penso eu, que se deixou suscetível a maior tristeza.


Os estóicos poderiam também responder a esta crítica ao observar que ao mesmo tempo que a prática da Visualização Negativa nos ajuda a apreciar o mundo, ela nos prepara para mudanças neste mundo. Praticar a Visualização Negativa, portanto, é contemplar a impermanência do mundo a nossa volta.


Também, um pai que pratica a Visualização Negativa, se a fizer corretamente, chegará a duas conclusões: Ele tem sorte em ter um filho, e por não poder ter certeza de sua presença contínua em sua vida, ele deve estar preparado para perdê-lo.


Este é o motivo pelo qual Marcus, imediatamente após aconselhar seus leitores a passar algum tempo pensando sobre o quanto eles sentiriam falta de suas posses se elas fossem perdidas, os avisa que “não ter tirado proveito delas o levará a apreciá-las tanto que sua perda poderá destruir sua paz de espírito.”


Em linhas similares, Sêneca, após nos aconselhar a aproveitar a vida, nos indica a não desenvolver “amor demais” pelas coisas que gostamos. Ao contrário, precisamos tomar cuidado para ser “um usuário, não um escravo dos presentes do destino.”


A visualização Negativa, em outras palavras, nos ensina a aceitar qualquer que seja a vida que estejamos levando e a extrair toda a felicidade que pudermos dela. Mas simultaneamente nos ensina a estarmos preparados para mudanças que nos privarão das coisas que gostamos. Ela nos ensina, em outras palavras, a aproveitar o que temos sem nos apegar. Isso então significa que praticando a visualização negativa, nós não apenas aumentamos nossas chances de experimentar alegria mas aumentamos a chance de que as alegrias que experienciamos sejam duráveis, que elas sobreviverão a mudanças em nossas circunstâncias. Então, ao praticar a Visualização Negativa, nós podemos esperar ganhar o que Sêneca tomou como sendo o benefício primário do Estoicismo, nomeadamente, “uma alegria sem limites que é firme e inalterável.”


Mencionei na introdução que algumas das coisas que me atraíram ao Budismo também poderiam ser encontradas no Estoicismo.


Como os Budistas, os Estóicos nos aconselham a observar a impermanência do mundo. “Todas as coisas humanas,” Sêneca nos lembra, “são de vida curta e perecíveis.” Marcos também nos lembra que as coisas que valorizamos são como as folhas de uma árvore, prontas para cair quando uma brisa soprar. Ele também argumenta que o “fluxo e mudança” do mundo a nossa volta não são um acidente mas sim uma parte essencial do universo.

Nós precisamos ter firme em mente que tudo que valorizamos e as pessoas que amamos um dia serão perdidos. Se nada mais, nossa própria morte nos privará destas coisas. De maneira geral, devemos ter em mente que qualquer atividade humana que não possa ser mantida indefinidamente deve ter a ocorrência de um fim. Haverá - ou já houve! - uma última vez em sua vida em que irá escovar os dentes, cortar o cabelo, dirigir um carro, cortar a grama, ou jogar vídeo-game. Haverá a última vez em que ouvirá o som do vento soprando, verá o nascer da lua, sentirá o cheiro de pipoca, sentirá o calor de uma criança adormecendo em seus braços, ou fará amor.


Você irá algum dia fazer sua última refeição, e logo em seguida você dará seu último suspiro.


Algumas vezes o mundo nos dá um aviso de que estamos prestes a fazer algo pela última vez. Nós podemos, por exemplo, comer em nosso restaurante favorito na noite anterior a sua data de fechamento, ou podemos beijar um amante que é forçado pelas circunstâncias a mudar para um lugar distante, presumivelmente para sempre. Anteriormente, quando pensavamos que poderiamos repetir as coisas à vontade, uma refeição neste restaurante ou um beijo em nosso amante poderia ter sido esquecível. Mas agora que sabemos que estas coisas poderão não se repetir, elas se transformarão em eventos extraordinários: A refeição será a melhor que já tivemos em um restaurante, e o beijo de despedida será uma das experiências mais intensas e agridoces que a vida nos tem para oferecer.


Ao contemplar a impermanência de todas as coisas no mundo, somos forçados a reconhecer que sempre que fazemos algo pode ser a última vez que o façamos, e este reconhecimento pode dar as coisas que fazemos uma intensidade de significância que de outra forma seria ausente. Nós não iremos mais ser sonâmbulos durante a vida. Algumas pessoas, creio eu, acharão isso depressivo ou até mesmo mórbido contemplar a impermanência.

Mesmo assim estou convencido que a única forma que temos de estar verdadeiramente vivos é se tornarmos
nossa responsabilidade periodicamente enfrentar tais pensamentos.





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Este texto se trata de uma tradução


De seu Lorde e Senhor Tirano

9 comentários:

  1. Respostas
    1. Fala Engenheiro!

      Fá um trabalho mas acredito que é um texto útil!

      Abraço!

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  2. Conteúdo muito bom que você tem compartilhado. Está traduzindo de que fonte?
    Valeu!

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    1. Encontrei esse livro muito bom sobre o assunto, porém não existe uma versão dele em português ainda... Me desculpe mas acredito que não seja muito bom eu dar o nome do livro aqui, por questões de direitos autorais e etc, mesmo que eu não esteja tendo lucro nenhum com isso. Vc sabe que tudo na internet atualmente vira motivo pra processo né...

      Vou pesquisar sobre o assunto e se não existir possibilidade de me prejudicar irei divulgar por aqui em breve!

      Abraço!

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  3. Muito bom esse texto, seus textos sobre o estoicismo e procurando na internet está me fazendo melhorar no dia-a-dia, relacionamento com minha mãe e uma peguet, em que ambos os casos, tem brigas, acusações contra mim, enfim coisa de mulher, e eu nem ligo, finjo que nem é comigo, e olha que eu costumava retrucar tudo !!! rsrs

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    1. Nem me fale de relacionamento com familiares cara, nem me fale kkkkkk

      Infelizmente não dei muita sorte com familiares, mas seguindo o estoicismo, prefiro pensar que pelo menos não me jogaram na lata de lixo quando nasci né kkkk

      Abraço!

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  4. Show de bola! E faz sentido! Pelo menos para mim faz. Caraca. Muito bom mesmo! Obrigado por compartilhar.

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  5. E aí cara! Obrigado e volte sempre!

    Vou dar um pulo no seu blog!

    Abraço!

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  6. bom texto!

    qual a fonte original da traduçao?

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